Verão, chuvas e mosquitos
O verão chegou e com ele vem o Sol, calor, praia, piscina, viagens, chuvas e mosquitos… Esses pequenos seres infernizam não apenas quando voam perto das pessoas, mas também quando transmitem doenças, causando grandes transtornos à população.
Além dos zumbidos à noite que atrapalham nosso sono, os mosquitos são importantes vetores de doenças como a malária, dengue, febre amarela, zika e chikungunya. A incidência desses insetos no meio urbano está associada ao acúmulo de água em recipientes diversos, como vasos, garrafas, plásticos diversos, lixo e outros, onde as larvas do mosquito viverão após nascerem.
Como se proliferam
As fêmeas do mosquito Aedes aegypti, vetor dessas quatro últimas doenças, , depositam seus ovos nas paredes dos recipientes com água, porém não diretamente no líquido. As larvas vão para o líquido quando eclodem, passando a se alimentar de partículas misturadas à água. Depois de poucos dias passam à fase de pupa, em um casulo onde ficam até emergirem como mosquitos adultos. Depois de adultos, os machos se alimentarão de produtos vegetais, como néctar, enquanto as fêmeas irão precisar de sangue para a maturação de seus ovos (um fato curioso: no início de suas vidas, as fêmeas também se alimentam de néctar e seiva, até atingirem a maturação sexual, embora possam se alimentar de sangue também nesse período).
A proliferação desses insetos nas cidades aumenta muito na época chuvosa. No entanto, esse fato não se deve apenas à água da chuva que fica parada nas casas. O A. aegytpi utiliza também depósitos de água independes da chuva, como: pratinhos de vasos de plantas, bebedouros de animais, piscinas etc. Outro fator importante é que o calor do verão também está associado ao aumento da sobrevida dos mosquitos adultos. Isso aumenta a probabilidade dos vírus completarem seus ciclos nas fêmeas infectadas e, assim, elas passam a transmitir esses agentes infecciosos de forma mais eficaz.
Deve-se levar em consideração também o aumento da temperatura causado pelo aquecimento global. Esse fator aumentará as áreas de distribuição do mosquito transmissor da doença, que hoje raramente ultrapassa os paralelos 45ºN e 35ºS, faixa com clima preferido pelo inseto. Isso causará a ampliação do período de transmissão sazonal de doenças associadas aos mosquitos. Além disso, ocorrerá a diminuição da idade média de infecção primária e secundária e o aumento de casos de reinfecção. Por fim, pode acontecer a chegada da doença em populações nas quais era pouco conhecida ou simplesmente não existia!
O melhor é se prevenir
Diante dessa realidade, a velha frase “é melhor prevenir do que remediar” se aplica perfeitamente. O principal foco de combate dessas doenças está na redução dos vetores. E é muito mais fácil fazer isso enquanto ainda são larvas do que quando adultos.
Por isso, é essencial que todos verifiquem suas casas, garantindo que nenhum objeto acumule água por muito tempo. Pneus, plásticos, garrafas, pratinhos de vasos de plantas devem ser verificados. Além disso, é necessário manter a caixa d’água tampada, trocar a água de vasos de plantas aquáticas periodicamente, verificar ralos e depósitos de água na parte posterior de geladeiras, entre outros locais. Qualquer lugar ou objeto que possa acumular água deve ser vistoriado, tratado e/ou removido.
Se você guarda água da chuva para utilizar nas necessidades domésticas, tampe os recipientes logo após a chuva. As fêmeas podem colocar seus ovos em pouco tempo na água parada. Bebedouros de animais devem ser limpos diariamente, esfregando as bordas para remover quaisquer ovos que foram postos nas laterais do recipiente.
Por fim, é importante deixar os agentes de endemias fazerem seu trabalho de vistoria, para garantir a remoção completa de água parada e qualquer postura de ovos da fêmea do mosquito. Os larvicidas utilizados são seguros na proporção usada pelos agentes.
Outro fator importantíssimo na prevenção da dengue é o cuidado com os terrenos baldios. A grande maioria está com lixo, o que favorece o acúmulo de água e proliferação dos mosquitos. Além disso, terrenos assim também favorecem o aparecimento de baratas, ratos e outros animais. Esses animais podem transmitir doenças ao ser humano, sem falar na poluição do solo. Assim, terrenos devem estar limpos, sem lixo ou vegetação que possa servir de abrigo para animais.
E a vacina da dengue? Já existe?
Já foi registrado pela Anvisa um vacina francesa contra as 4 variedades (chamadas de sorotipos) da dengue. Disponível apenas na rede particular de saúde, essa vacina é indicada a pessoas entre 9 a 45 anos em 3 doses, com intervalos de 6 meses cada uma. No entanto, a eficácia de sua prevenção ainda é pequena (em torno de 60%), enquanto outras vacinas bem estabelecidas têm eficácia em torno de 80% a 90%. Clique aqui para conferir algumas informações sobre essa vacina.
O Instituto Butantan também está desenvolvendo uma vacina contra os 4 tipos de vírus da dengue. No entanto, testes serão realizados em todo o território brasileiro para verificar a sua eficácia. Saiba mais sobre a vacina desenvolvida pelo Instituto na página deles, clicando nesse link.
Com ou sem vacina, não podemos nos descuidar. A prevenção da dengue é algo simples e fácil de realizar, fazendo parte da limpeza e dos cuidados que devemos ter em nossas casas. Nossa saúde depende de nós mesmos!
REFERÊNCIAS
Donalísio MR; Glasser CM. Vigilância Epidemiológica e Controle de Vetores do Dengue. Rev. Bras. Epidemiol., v. 5, n. 3, 2002.
Oliveira MSF. Vacina da dengue no Brasil. 2016. 19 f. Artigo (Graduação) – Faculdade de Ciências da Educação e Saúde, Centro Universitário de Brasília, Brasília, 2016.
Tauil PL. Urbanização e ecologia do dengue. Cad. Saúde Pública, n. 17 (suplemento), 2001.