Um vírus que me distancia dos que amo…
Em dezembro de 2019, a China reportou ao mundo seu primeiro caso de pneumonia causada por um novo vírus (se você não sabe o que é um vírus clica aqui), posteriormente denominado SARS-Cov-2. Até 30 de março de 2020, um pouco mais de 750 mil casos da doença causada por esse vírus, a COVID-19, já era reportada em países por todos os continentes. Depois de ser classificada como pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a COVID-19 dividiu o mundo sobre como proceder para evitar o contágio e a disseminação veloz do vírus, o que implica em uma sobrecarga do sistema de saúde. A principal recomendação e o distanciamento social, já que o contato ocorre pela fala, tosse ou espirro.
O que é o distanciamento social?
Como o nome sugere, distanciamento social é o afastamento do indivíduo de atividades sociais onde ocorra aglomeração de pessoas. Por isso, há recomendações para o fechamento de escolas, de bares, de restaurantes, de espaços públicos, de shopping centers, etc. Isso evita que muitas pessoas fiquem em contato umas com as outras em um mesmo local.
Essa foi a medida tomada pelo governo chinês, no dia 23 de janeiro, quando já haviam sido notificados quase 1000 casos da nova doença. Assim, a província de Hubei, incluindo sua capital, Wuhan, ficou no chamado lockdown, deixando milhões de pessoas em quarentena, ou seja, fechados dentro de suas casa.
Um estudo publicado na revista científica Science mostra que o lockdown de Hubei teve um efeito positivo no controle das infecções e ajudou a controlar o número crescente de casos da COVID-19. Auxiliou também na detecção de um fato importante: a maioria das pessoas infectadas pelo SARS-CoV-2 não apresenta sintomas. Essas pessoas não são notificadas ou documentadas, pois não precisam de atendimento médico. O problema é que os assintomáticos são um veículo para que a contaminação continue acontecendo a passos rápidos.
Por que não isolar apenas as pessoas que apresentam os sintomas da COVID-19?
Exatamente porque uma grande parcela da população não irá apresentar nenhum sintoma. E vai transmitir a doença até os grupos mais vulneráveis.
Idealmente, todas as pessoas suspeitas deveriam ser testadas para a presença do SARS-CoV-2. No entanto, faltam testes no mundo todo. Portanto, priorizam-se os testes dos pacientes graves. É necessário que cada um tenha sua parcela de responsabilidade. Reduzir o número de pessoas nas ruas é a única arma que temos para frear a infecção.
Se a maioria das pessoas não apresenta sintomas, ou apresenta sintomas leves, por que esse vírus preocupa tanto o mundo?
Apesar da baixa taxa de mortalidade da COVID-19, uma parcela grande dos doentes apresenta quadro grave, com necessidade de internação em Centros de Terapia Intensiva (CTI). Apesar das internações terem sido mais comuns em pacientes idosos na China, metade dos internados nos Estados Unidos, por exemplo, têm entre 20 e 54 anos.
Nenhum sistema de saúde no mundo está preparado para receber um número tão grande de pacientes em um curto espaço de tempo.
Aqui no Brasil, nosso Sistema Único de Saúde (SUS) não é diferente. Por isso falamos tanto do “achatamento da curva”. Para que o número de doentes graves não surjam de uma única vez, impossibilitando o atendimento.
Ainda que você não tenha nenhum sintoma, e não esteja em grupo de risco para doença grave e morte, se for possível, fique em casa.
REFERÊNCIAS
Li, Pei, Chen, Song, Zhang, Yang, Shaman. Substantial undocumented infection facilitates the rapid dissemination of novel coronavirus (SARS-CoV2). Science. 2020
CDC. Severe Outcomes Among Patients with Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) — United States, February 12–March 16, 2020. MMWR, 2020
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