Danielle BonfimSaúde

Câncer de pele: o lado perigoso do sol

É verão! A estação mais amada pelos brasileiros! Mar, piscina, bastaaaaante exposição ao sol e…. perigos à vista! Excesso de exposição ao sol é o principal fator de risco para o desenvolvimento de diversos tipos de câncer de pele. Chocou? Vamos saber mais a respeito.

Mas antes de falar da doença, vamos conhecer melhor a nossa pele!

A pele é o maior órgão do nosso corpo. E tem diversas funções, tais como:

  • Impedir a entrada de microorganismos patogênicos
  • Controlar a temperatura corporal, ora pela conservação do calor, ora por sua dissipação através do suor
  • Realizar a síntese de vitamina D

Além disso, a pele é um grande órgão sensorial, que nos permite perceber o ambiente ao nosso redor.

Estruturalmente, a pele é dividida em uma camada mais superficial, denominada epiderme; uma camada intermediária, a derme; e uma camada profunda, a hipoderme

Na epiderme, as principais células encontradas são os queratinócitos e os melanócitos. Os queratinócitos são as células que formam a barreira de proteção da pele, a queratina. E os melanócitos são as células que produzem o pigmento que dá a cor da nossa pele: a melanina! É por conta da função alterada destes dois tipos celulares que os diversos tipos de câncer de pele se desenvolvem.

Quais os tipos de câncer de pele?

De uma forma geral, os tumores malignos que se desenvolvem na epiderme são divididos em dois grupos: os melanomas, originados pelos melanócitos; e os “não-melanomas”, originados pelos queratinócitos.

A maioria dos tumores malignos de pele são do tipo não-melanoma. Estes ainda se subdividem em dois tipos: o carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular.

O basocelular é o câncer de pele mais comum. Geralmente cresce devagar e raramente sofre metástase. Isto é, não é comum a sua migração para outros órgãos do corpo. Por isso, a taxa de mortalidade associada ao carcinoma basocelular é baixa. O carcinoma espinocelular é o segundo câncer de pele mais comum, totalizando aproximadamente 20-30% dos casos.

Já os melanomas são os tumores malignos de pele menos frequentes. No entanto, são os que mais levam à óbito, devido à alta taxa de metástase para o cérebro. São classificados em quatro tipos: melanoma de espalhamento superficial, melanoma lêntigo maligno, melanoma acrolentiginoso e melanoma nodular. Os três primeiros se iniciam com um crescimento radial do tumor, ou seja, na superfície da pele. Já o melanoma nodular cresce em sentido vertical, invadindo as camadas mais profundas da pele.

E o que o sol tem a ver com o desenvolvimento desses tumores?

Com exceção do melanoma acrolentiginoso, todos os outros tipos de tumores malignos de pele têm como principal fator de risco a exposição ao sol. Os raios solares são compostos vários tipos de radiação. Entre eles, a radiação ultravioleta (UV). O que acontece é que todo o espectro de radiação UV é carcinogênico para humanos.

Incidindo sobre a pele, as radiações UV podem provocar mutações no DNA dos queratinócitos e/ou dos melanócitos. Em geral, essas mutações pontuais são consertadas por mecanismos de reparo do DNA, que operam em todas as nossas células.

No entanto, se estas mutações acontecerem em excesso e forem se acumulando, o mecanismo de reparo do DNA pode deixar de funcionar. Então, as células com DNA mutado começam a sofrer uma transformação maligna. Isto é, se tornam células tumorais. Neste processo, diversas funções das células são alteradas, fazendo com que elas proliferem descontroladamente e criem mecanismos de defesa, que promovem sua sobrevivência no organismo.

Há outros fatores que propiciam o desenvolvimento do câncer de pele?

Sim, claro. Tumores, em geral, são produto de um somatório de fatores. Tanto biológicos como ambientais. Neste caso, o ambiental é a exposição ao sol.  Os biológicos incluem:

  • Pessoas de pele clara, devido ao menor conteúdo de melanina. Este pigmento atua como um escudo contra a radiação UV. É por isso que ficamos “bronzeados” quando pegamos sol. É o seu corpo tentando se proteger.
  • Pessoas com tendência congênita, ou adquirida, de desenvolver sinais (pintas escuras) na pele. Muitos tumores da epiderme se iniciam em sinais pré-existentes, que são regiões mais sensíveis às mutações ocasionadas pelos raios solares. 
  • Histórico familiar de câncer de pele
  • Pessoas imunossuprimidas, principalmente transplantados e portadores de HIV. O tratamento farmacológico com imunossupressores, após o transplante de órgãos, prejudica o reconhecimento e a eliminação de células tumorais pelas células do sistema imunológico. Câncer de pele representa cerca de 40% dos tumores malignos em transplantados. Em pessoas de pele branca, essa taxa pode ultrapassar 50% dos pacientes. Em pacientes com HIV, o risco é aumentado de forma semelhante, já que o vírus infecta e mata células de defesa do organismo.
E o que fazer para evitar o desenvolvimento de câncer de pele?

A principal recomendação é evitar a exposição excessiva ao sol. Neste ponto, vale salientar que tanto as exposições intermitentes quanto as crônicas são perigosas. A exposição intensa e intermitente – que é aquela típica de quem vai à praia um dia aqui e outro lá e se queima excessivamente (quem nunca?) – está diretamente ligada ao desenvolvimento de melanoma e de carcinoma basocelular. Já a exposição crônica e de menor intensidade – em geral de caráter ocupacional, isto é, pessoas que trabalham sob o sol – está ligada ao desenvolvimento de carcinoma espinocelular.

Então pessoal! Protejam-se, usem filtro solar, óculos de sol, chapéu, blusas com bloqueio UV, evitem os horários de pico de sol, esqueçam as marquinhas de biquini e bom verão!!!

REFERÊNCIAS

Linares MA, Zakaria A, Nizran P. Skin Cancer. Primary Care: Clinics in Office Practice. 2015 .

Lai V, Cranwell W, et al. Epidemiology of skin cancer in the mature patient. Clinics in Dermatology. 2018.

Cust AE, Mishra K, et al. Melanoma – Role of the environment and genetics. Photochemical & Photobiological Sciences. 2018.

Schadendorf D, van Akkooi A, et al. Melanoma. The Lancet. 2018.


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