EntrevistaTecnologiaTúlio Lima Botelho

Eureka Entrevista: brasileiros levarão aos EUA um filtro para o glifosato

falamos aqui no Eureka sobre os efeitos causados pelos agrotóxicos no ambiente e na saúde das pessoas. Esse é um assunto sério. O mau uso dessas substâncias pode contaminar rios, lagos e solo, prejudicando todo o ecossistema.

Pensando nessa realidade, um grupo de estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) desenvolveu um filtro capaz de degradar o glifosato, um dos defensivos agrícolas mais utilizados no mundo, o GlyFloat.

A equipe irá mostrar seu trabalho, entre os dias 30 de outubro e 04 de novembro de 2019, no iGEM (International Genetically Engineered Machine), na cidade de Boston (EUA). Essa competição internacional de engenharia de sistemas biológicos foi criada em 2003 pelo MIT (o Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Ela promove o encontro de estudantes universitários do mundo todo. Lá os estudantes mostram projetos inovadores que permitem a solução de problemas humanos relevantes. Esses projetos podem ser na área da saúde, de biocombustíveis, preservação ambiental, produção de alimentos, manufaturas e outros.

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Conversamos com a equipe que desenvolveu o GlyFloat, para conhecermos mais sobre o projeto.

Acompanhe:

O glifosato é um dos agrotóxicos mais utilizados no mundo todo. Infelizmente, ele se acumula em vários locais no ambiente, afetando a saúde dos seres vivos. Para o ser humano, quais problemas a ingestão desse produto, junto com a água e alimentos, por exemplo, podem causar?

Ainda não existe embasamento científico suficiente para afirmar que o Glifosato é prejudicial à saúde humana. Entretanto, ele é considerado como “provavelmente carcinogênico” pela Organização Mundial da Saúde.

O projeto de vocês, o GlyFloat, propõe degradar o glifosato de corpos d’água. Como ele funciona?

O Glyfloat é um filtro bóia que possui microrganismos biologicamente programados no seu interior que utilizarão o glifosato como fonte de alimento. Esse filtro vai ficar boiando nas águas e utilizará a força motriz do rio como fonte de energia.

Dentro do filtro existirão filamentos poliméricos, onde se encontram as bactérias. Esses filamentos vão impedir com que as bactérias escapem para o rio, ao mesmo tempo que permite troca de nutrientes entre elas e a água.

As bactérias que nós escolhemos para compor o Glyfloat, assim como todos os seres vivos, necessitam de fósforo para sobreviver. Quando o fósforo está em falta no meio, elas ativam diferentes rotas do metabolismo que permitem com que elas absorvam o fósforo de moléculas orgânicas, como é o caso do glifosato. O que nós vamos fazer é editar o metabolismo delas para que elas sempre estejam consumindo o glifosato, mesmo em momentos que haja disponibilidade de fósforo.

Gif: Como funciona o GlyFloat
A equipe de vocês irá levar o GlyFloat ao iGEM, a maior competição de Biologia Sintética do mundo. Como essa participação pode incentivar e divulgar a ciência brasileira, principalmente nos tempos difíceis em que ela está passando?

Indo à competição, teremos a oportunidade de mostrar a ciência brasileira para os maiores nomes da biologia sintética, além de trocar conhecimento e experiências com estudantes de todo o mundo. Levar o  Glyfloat para Boston significa mostrar que os cientistas brasileiros são versáteis e inovadores, e são capazes de gerar soluções para problemas atuais, mesmo com cenário atual de baixo financiamento. Ir à Boston com o Glyfloat significa mostrar à comunidade (não só internacional) que a ciência brasileira resiste!

Conheça mais sobre o projeto em sua página no Facebook e dê seu apoio à ciência brasileira!

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